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Um bom texto na Web é possível. Veja as dicas

Aqui vão algumas recomendações – tiradas da experiência prática e de leituras de diferentes fontes – para planejar o texto para ambientes digitais. Sim, um bom texto é possível na Web, desde que não se reproduzam as mesmas práticas do impresso – manuais de jornais e revistas, por exemplo.

Perceber que você está em um ambiente que permite múltiplas conexões e aprofundamentos de toda ordem já é um passo importante para produzir um bom conteúdo jornalístico – que nunca prescindirá da forma; antes, é preciso saber como escrever para depois escrever sobre o quê.

Algumas das dicas que estão aqui saíram do artigo How to write for the Web?, do excelente site Online Journalism Review, da University of Southern California. (O melhor é que vocês podem colaborar para o que o artigo seja aprimorado, no melhor estilo colaborativo.) Outras, podem ser vistas no livro Guia de Estilo Web, de Luciana Moherdaui, ou ainda em A Dozen Online Writing Tips, de Jonathan Dube, criador do CyberJournalist.net.

Vamos às recomendações.

1. Quanto menor o texto, melhor
Uma regra – essa sim, regra – dos minimalistas podem ser transposta e usada sem problemas para a produção de textos em ambientes digitais. Lembre-se que o leitor utilizará uma tela para acessar o conteúdo, o que é bem diferente do papel. Portanto, facilite a vida do sujeito e não desperdice o tempo dele. Use de toda a sua concisão e capacidade de síntese para escrever o maior número de informações (relevantes) no menor espaço possível.

Na prática: procure produzir textos de até 4 mil caracteres. Se precisar de mais espaço, crie novos artigos ou páginas e coloque as informações adicionais em retrancas. Faça links entre o conteúdo principal e os secundários. Procure escrever parágrafos de cinco linhas, e use intertítulos a cada três/quatro parágrafos.

2. Título faz toda a diferença
Não subestime o poder do título. Mesmo que você esteja cansado depois de escrever 4 mil caracteres na retranca principal e 3 mil nas duas secundárias, reserve tempo e energia para o título. Ele quase sempre faz a diferença entre ler e não ler o restante do conteúdo. Além disso, os mecanismos de busca indexam o conteúdo a partir dos títulos. Logo, muita atenção.

Na prática: prefira títulos na ordem direta e que sintetizem o que o leitor irá encontrar nas próximas linhas. Trabalhe o interesse do leitor, expondo o inusitado e o novo que acompanham aquela primeira linha. Fuja do sensacionalismo e das fórmulas tentadoras para apanhar paraquedistas.

3. Voz ativa e verbos fortes, preferencialmente
Aqui vem uma daquelas dicas que o bom-senso consagrou e que é complementar ao primeiro tópico da nossa lista. Se você aprendeu a dizer algo em duas, em vez de cinco palavras, agora o faça com verbos na voz ativa. Sujeito + verbo + predicado ainda é a melhor forma de ser claro e preciso. Evite as construções desse tipo. Se for realmente necessário, use com muita, mas muita moderação.

Na prática: deixe de lado a velha muleta (será assinada na próxima semana pelo presidente) e troque-a pela voz ativa (o presidente assina na próxima semana) – são seis palavras em vez de sete. Imprima ritmo ao texto usando verbos corretos (o dicionário é um bom lugar para descobrir a diferença entre dizer e falar, por exemplo), e alterne períodos mais curtos com outros mais longos para dar fluidez ao texto. Evite, a todo custo, a locução verbal (será assinada, foi realizada) e o gerundismo (estará sendo atendida).

4. Aprimore o contexto com hiperlinks
Narrativas online permitem que o usuário vá atrás de informação mais aprofundada. Desde que ela esteja acessível e à mão. Logo, é prudente que você permita ao leitor estar mais próximo possível das conexões (links) que o ajudarão a ter uma idéia maior sobre o contexto daquela informação. Lembre-se que navegar é diferente de aprofundar-se. A primeira pressupõe um passeio pela superfície, enquanto a segunda trabalha com o mergulho atrás da informação mais qualificada.

Na prática: não tema o link. Ao contrário, aprenda a fazer conexões com significado (deixe de lado o mecanismo robótico do Leia Mais e procure escolher palavras que potencializem o significado da conexão). Sempre que possível, faça links internos para conteúdos previamente publicados em seu site – isso manterá o usuário por mais tempo dentro de seu site. Construa links para materiais de apoio e conteúdos mais detalhados produzidos por você. Deixe que o usuário decida se quer ir além do ponto aonde chegou. Se você não der a oportunidade, ele nunca terá a chance de decidir. Se for possível, faça links para outros sites também.

5. A Web tem vários recursos; aprenda a usá-los
Tem um vídeo que complementa as informações do texto? Há uma foto que casa com a história? Aprenda a incluí-los. Os sites que hospedam fotos e vídeos facilitaram a vida do usuário em diversos aspectos, e a maneira e inseri-los se tornou muito fácil. Então, para que deixá-los de lado? Além dos recursos de hipermídia, há os de formatação – geralmente esquecidos.

Na prática: sempre que possível, faça listas. Há as ordenadas e não-ordenadas. São sempre muito úteis. Utilize negrito para grifar palavras importantes. Use o blockquote para ressaltar citações ou declarações.

6. Sempre cite suas fontes. Sempre
Um dos grandes problemas da Web é que ela dá a impressão de que a informação não tem dono. Mas tem. Se você produziu uma nota baseada numa notícia de um site, cite qual foi o site de onde a informação se originou. Não há pecado nisso. Ao contrário. O errado é não citar. Esse comportamento induz o leitor a acreditar que foi você quem entrevistou o presidente da Microsoft ou o CEO da Yahoo!. É mais honesto admitir que a informação foi publicada primeiramente no site tal, e que você a complementou com outros dados. Simples assim.

Na prática: o ideal é citar a fonte e dar o link de onde você buscou a informação (seja na Wikipedia, num fórum obscuro de tecnologia ou em um portal de informações.

6 de maio de 2008 at 3:31 PM 9 comentários


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